1 de julho de 2014

Etanol ou Gasolina - O Que Utilizar?


Em tempos de gasolina a preços elevados, muitos motoristas buscam alternativas para baixar os custos do km rodado, mudando o combustível utilizado no veículo. Atualmente, quase a totalidade dos veículos fabricados no Brasil possui a tecnologia de utilização de gasolina e álcool ao mesmo tempo e em qualquer proporção.
​Com o início da crise mundial do petróleo na década de 70, iniciada pelos países produtores (OPEP), que pararam de exportar este recurso para os países consumidores, desencadeando um desabastecimento mundial e consequentemente a supervalorização da gasolina e seus derivados, houve a necessidade de se desenvolver um novo tipo de combustível. Alguns países optaram pela eletricidade, mas os custos de produção e manutenção das baterias, em um primeiro momento, inviabilizou o projeto. Outros buscaram no hidrogênio a solução para a questão, porém a produção deste combustível ainda é muito dispendiosa.
No Brasil, a fonte alternativa escolhida foi o álcool, produto este derivado da cana de açúcar e considerado uma energia limpa e renovável, uma vez que o petróleo é um recurso que irá se esgotar em alguns anos. Iniciou-se na década de 70 um programa de incentivo ao consumo e produção de álcool hidratado para veículos denominado PRÓ-ALCOOL. O primeiro veículo movido a álcool produzido em série no Brasil foi o FIAT 147, no ano de 1976.
No início da década de 80, a produção de modelos a álcool chegou a 95% no Brasil. Era quase impossível encontrar um veículo a gasolina nas lojas, a não ser se fosse encomendado, o que elevava o valor final a ser pago.
Entretanto, no início da década de 90, o valor do barril de petróleo atingiu o patamar de US$ 20,00, um dos mais baixos da história. Com isso, o valor do álcool ficou mais caro que o da gasolina, o que fez com que o governo inciasse a retirada gradual dos incentivos ao PRÓ-ALCOOL, até quase abandonar por completo o projeto. Essa decisão trouxe como consequência o desabastecimento de álcool no mercado, o que levou muitos motoristas a recorrerem à conversão de seus veículos para gasolina. Os carros a álcool pararam de ser fabricados e o programa foi deixado de lado.
Porém, em 2002, o governo federal resolveu retomar o PRÓ-ALCOOL, voltando a incentivar a produção e aumentando gradualmente o percentual de álcool na gasolina, valor este que era de 20%, chegando a atingir o pico de 25%.
Em 2003 ocorreu a reviravolta na indústria automobilística brasileira com o lançamento do VW Gol 1.6 Total Flex, que foi o primeiro veículo flex em série, que podia rodar com gasolina e/ou álcool em qualquer proporção.
O sistema flex consiste em uma central eletrônica que reconhece o tipo de combustível injetado na câmara de combustão do motor e, assim, remapear o sistema para a queima ideal de cada combustível.
A partir deste momento, a indústria adotou de vez o motor bi-combustível, o que facilitou a escolha do consumidor por qual combustível utilizar, buscando economia e menores emissões de poluentes.
​Entretanto, vem se verificando constantemente a perda de competitividade econômica na utilização do álcool em relação à gasolina. Os custos de produção do derivado da cana vem aumentando ano após ano, somado ao preço do açúcar ser mais atraente no mercado internacional, levando os produtores a preferir este produto.
​Para que possamos comparar e identificar qual tipo de combustível é mais econômico, é necessário realizar alguns cálculos. O álcool possui poder calorífico menor do que a gasolina, o que eleva o consumo por km. Desta forma, podemos realizar os cálculos necessários.  O carro abastecido com álcool possui um consumo cerca de 30% maior do que o mesmo carro a gasolina, então para que seja vantajoso abastecer com álcool, este precisa estar pelo menos 30% mais barato do que a gasolina.
Vamos usar como exemplo os valores do álcool e da gasolina praticados no estado do Rio de Janeiro no início de 2014. O álcool (ou etanol, como é o nome verdadeiro) custa em média R$ 2,3874 por litro e a gasolina está cotada a R$ 3,1229 por litro.

Desta forma, podemos ver qual é a diferença de preço entre os dois combustíveis.
(3,1229 - 2,3874) / 3,1229 = 0,2355 ou 23,55%, ou seja, o etanol é 23,55% mais barato do que a gasolina.
Vamos também comparar os consumos e custos médios de um veículo 1.0, como por exemplo o FIAT Mille Fire.
Tanque: 50 litros
Gasolina
Consumo: 14,15 km/l
Autonomia: 707,5 km
Custo Tanque: R$ 156,15
Etanol
Consumo: 9,8 km/l
Autonomia: 490 km
Custo Tanque: R$ 119,37
Diferença de consumo gasolina x etanol
(14,15 - 9,8) / 9,8 = 0,4438 ou 44,38%
O etanol consome 44,38% a mais do que a gasolina.
Caso o motorista, ao usar etanol queira a mesma autonomia ao usar a gasolina, precisará de 73 litros de etanol a um custo de R$ 174,28. Na atual situação não vale a pena abastecer o veículo com etanol.
Infelizmente, a atual situação da política de preços dos combustíveis no Brasil nos direciona sempre a escolher a gasolina, que traz uma economia em custos, porém traz como consequência um maior índice de emissões de poluentes na atmosfera, visto que a queima do etanol é mais "limpa" do que a queima da gasolina.
Na próxima matéria, vamos falar de uma segunda alternativa, que vem conquistando muitos adeptos: o GNV ou Gás Natural Veicular.
Até a próxima.

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