1 de julho de 2014

Segurança Veicular - Parte 1 - Teste de Impacto

Com a liberação da comercialização de veículos importados no início da década de 90, ficou evidente para o consumidor brasileiro o abismo entre o carro produzido no Brasil e o carro produzido nos países desenvolvidos, em matéria de qualidade e estética. Desta forma, as montadoras instaladas no Brasil se viram obrigadas a melhorar seus produtos comercializados por aqui, gerando uma consequente evolução na qualidade de construção dos veículos nacionais.

Itens muito raros até então ou oferecidos somente em automóveis de alto padrão, como por exemplo ar condicionado e direção hidráulica, entre outros, passaram a ser oferecidos como itens de série cada vez mais frequentemente.
Além dos itens de conforto, uma questão que não tinha a devida importância até então, passou a ser uma preocupação das indústrias automobilísticas: a SEGURANÇA VEICULAR.

No passado, pouco se falava em segurança veicular. O Código Nacional de Trânsito, instituído pela Lei nº 5.108 de 1966, buscou mudar um pouco esse cenário, inserindo uma série de medidas de segurança, porém muito pouco se cobrava efetivamente. Em 1997, entrou em vigor o Código de Trânsito Brasileiro, em substituição ao Código Nacional de Trânsito que, entre outras medidas, tornou mais rígidas as leis de trânsito.

Vamos tratar nesta matéria a importância e a evolução dos itens de SEGURANÇA VEICULAR. Como se trata de um assunto extenso, vamos dividí-lo em 4 partes:
  1. Testes de Impacto (Crash Test)
  2. Cintos de Segurança
  3. Freios ABS
  4. Air Bags

1. Teste de Impacto (Crash Test)
O teste de impacto (crash test) consiste no impacto de veículos automotores contra barreiras indeformáveis (blocos de concreto ou ferro) ou deformáveis (bloco deformável metálico). Tem por objetivo avaliar a segurança automotiva para verificar se cumprem determinadas normas de segurança de proteção à colisão em situações de acidente de trânsito.

Os testes de impacto frontal são basedos em testes realizados pelo Comitê Europeu para a Melhora da Segurança nos Automóveis. O impacto frontal se produz a 64 km/h (40mph), onde o veículo colide frontalmente contra uma barreira deformável descentrada. As leituras obtidas a partir dos dummies são utilizadas para avaliar a proteção proporcionada aos passageiros adultos que viajam na parte da frente do veículo.


Clique na imagem acima para assistir a um crash test (fonte LatinNcap).


O veículo é submetido a um impacto contra um bloco imóvel adaptado com uma face de alumínio alveolar deformável. Desta forma, busca-se simular o tipo mais frequente de colisões em estradas que acabam em lesões graves ou mortais. O impacto simula a colisão frontal entre dois carros de similar massa.

Considerando que as estatísticas apontam que a maioria das colisões frontais envolve somente a parte da frente do carro, o teste é elaborado para simular o impacto entre as partes dianteiras de dois veículos. No teste, isto ocorre fazendo com que 40% da dianteira do carro batam contra a barreira. A frente da barreira, por ser também deformável, representa a natureza deformável dos carros. Os resultados obtidos indicam a capacidade do automóvel para suportar impactos sem sofrer deformações na cabine dos passageiros.


Metodologia de execução de um crash test


O contato entre o passageiro e as partes deformadas da cabine representa a principal causa de lesões graves e fatais dos passageiros adultos protegidos com cintos de segurança. A velocidade do teste de 64 km/h representa uma colisão entre veículos nos quais cada um viaja, aproximadamente, a 55 km/h.
A diferença, em velocidade, deve-se à energia absorvida pela frente deformável. A pesquisa em frequência de sinistros demonstrou que essa velocidade de impacto cobre uma proporção significativa das colisões graves e fatais. Ao evitar a intrusão, reduz-se a probabilidade de o passageiro impactar contra o interior do veículo, ficando espaço para o eficaz desempenho do sistema de retenção.


Exemplo de resultado de danos aos ocupantes do veículo


Com os resultados obtidos nos testes de impacto, as montadoras podem alterar os projetos de seus veículos, introduzindo materiais mais resistentes a deformações na estrutura principal e modificando pontos de deformação programada, reduzindo assim a deformação total da carroceria e minimizando os danos aos passageiros.

Detalhe do projeto da estrutura de um veículo,
com os pontos de deformação programada


Na próxima matéria, iremos falar sobre um item de segurança passiva: o CINTO DE SEGURANÇA.

Até a próxima.

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